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Esse texto não é sobre “em busca da sua melhor versão”

  • Foto do escritor: Isadora Fajardo
    Isadora Fajardo
  • 3 de fev.
  • 2 min de leitura

Se tem uma coisa que você não vai ver por aqui, são dicas e encorajamento para ter a rotina perfeita, atingir o auge da performance cognitiva, equilibrar todos os pratinhos com perfeição... treino, trabalho, família, e ainda sobrar tempo para um mestradozinho, imagina?! Bem longe disso.


Aqui é lugar para refletir, questionar, desconstruir estigmas, despatologizar. É um convite para se encorajar a ser imperfeito, a viver alinhado com a sua própria verdade.


Desde quando nossos hobbies viraram nossas segundas profissões? Desde quando o simples ato de ler um livro no metrô virou uma urgência de aprender algo novo? E assistir a um filme em francês? Vai ajudar a treinar um novo idioma. Deus me livre do podcast sobre investimentos enquanto está no trânsito! A corrida também entrou nessa: agora ela se compromete com o pace, com os looks, com as distâncias.


Eu queria poder falar nesse texto sobre como a corrida já me curou... mas é preciso muita cautela. Não quero publicar uma receita de bolo para te ajudar a atingir a sua melhor versão. Quero ser um instrumento de questionamento, de autoconhecimento, para que, a partir daí, você se conecte com o que realmente faz sentido para você. Isso sim é a busca pelo bem-estar.


Será que essa tal “melhor versão” não é, na verdade, estar em paz consigo mesmo? Aceitar as vulnerabilidades de ser humano?


Me questiono como o estilo de vida atual tem sido marcado pela pressão para o desempenho, e como isso justifica o que vejo tanto no consultório: o cansaço!


A sociedade neoliberal nos transformou em um “projeto de nós mesmos”, sempre em busca de sucesso e resultados. Logo, esse “cansaço” não é apenas físico, ele é mental! E no contexto do consultório psiquiátrico, nos pedem um diagnóstico para essa exaustão: depressão? Ansiedade? Burnout?


Já não vivemos mais na Era do controle externo, mas, sem dúvida, ela deu espaço à Era do AUTOCONTROLE. Quem aí já não se viu responsável pelo próprio fracasso?


Se você chegou até aqui, com certeza se identifica com o fato de que a busca incessante por produtividade e autossuficiência acaba gerando um vazio existencial e um esgotamento profundo.


Além de se identificar, você também deve estar esperando a dica de ouro para se esquivar de tudo isso. Então, lá vai: interrompa esse ciclo de esperar dicas, de receber o caminho das pedras e métodos infalíveis para conquistar algo... Concentre-se em se conectar com a sua verdade, com a sua análise. Viver em concordância com os seus desejos que é sucesso!

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